segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Jefferson anda pelas ruas de São Paulo. A cinza e caótica São Paulo. A cidade na qual não se consegue olhar para cima e ver o céu sem se ver prédios ou fios. A não ser é claro na Oscar Freire, pelos Jardins. A parte boy da cidade.
Senta num boteco na augusta e pede uma cerveja enquanto espera seus amigos.
Ah, o Jefferson. Pobre garoto. Pegou gonorréia logo na primeira trepada, com uma puta. Presente de aniversário do pai, que rodou a cidade inteira pra achar uma puta novinha pro filhinho e deu logo uma podre. Mas o Jefferson nunca ligou muito pra isso, fuma tanto que o pau nem sobe a noite.
Os dedos estão amarelos, os dentes estão amarelos. E aí, mano, como você tá?. To bem, chegando do trampo agora, to cansadão. Pede um copo aí, toma uma breja comigo.
Tiago senta e a conversa escorre, conta sobre o caso da vizinha dele. O pai delas tava dando uma de cafetão pra cima das gurias, pegava 50 por cento do lucro de cada uma, as duas combinaram de passar a faca no pescoço do véio pra ficar com a grana toda só pra elas, mas aí a polícia descobriu tudo. Pobre vizinhas.
Jefferson contou que conheceu um gringo que dizia que a madastra dele morava do lado da Grace Kelly quando ela era criança. Tiago não fazia idéia de quem era Grace Kelly então se limitou a dizer "Ah é? Que foda. Desce mais uma, garçon."
Opa, e aí pessoal, posso sentar aqui?. Quem disse isso foi o Lucas. Umas bichinha amiga da galera até o momento em que ele não se oferece pra dar pra ninguem, aí ele leva murro na cara pra parar de ser atirada. Coitado do Lucas, alguem disse pra ele dizer pro cara no Quartel que ele era pederasta então não vai poder servir, aí ele disse isso e foi zoado o ano inteiro pelos superiores. Reza a lenda que ele foi comido por tudo quanto era sargento, coronel, tenente, aí que ele aprendeu a gostar do lance.
Lucas gosta de teatro e arte, por isso que ele e Jefferson se dão bem. Tiago finge que gosta dele porque é amigo de Jefferson e acha que Jeff pode passar um pouco da cultura que ele tem. Ele poderia pedir isso pro Lucas, que talvez seja mais culto que o Jefferson, mas o Lucas pra ele não passa de uma bichinha escrota.
Os 3 se reúnem naquele boteco semanalmente pra beber e conversar. É só o que eles tem pra fazer no fim de semana. Jefferson é peão. Trabalha em obra. Coitado do Jeff, era o aluno mais inteligente da sala, só não gostava de estudar. Parou no primeiro ano pra ir trabalhar de pedreiro, ficar carregando cimento pra lá e pra cá. O Tiago tava estudando, no terceiro ano e nunca tinha repetido, mas era burro que só ele. Só sabia coisa inútil, tipo matriz e circunferencia trigonométrica, vivia com a mamãe e com o papai. Lucas era a bicha militar, mais inteligente que os dois. Terminou o colégio e era culto, mas bicha que só ele, morava sozinho, tinha escrito um livro e ganhava dinheiro com a venda do livro e fazendo palestras sobre ele. Nem Jefferson nem Tiago tinham lido o livro dele, acharam que devia ser uma merda e provavelmente era mesmo.
Lucas contou sobre o filme japonês que ele viu mas que não lembrava o nome nem nada, só que o filho do cara tinha problemas mentais e moravam do lado de uma sala escura de sexo. É uma sala toda escura na qual tu entra e faz sexo com qualquer pessoa e não ve a cara da pessoa nem nada. Aí o pai vai pra sala escura e o filho retardado vai atrás e o pai não vê, aí o pai ta lá socando a rola em alguem e nem sabe quem é, e quando vê é o filho. Coitado do filho dele. Tiago alfinetou ele dizendo “Ah, entendi porque você gostou tanto do filme.”. Lucas olha pra cara de Tiago, pega a garrafa, quebra na mesa e mete ela na garganta de Tiago. Jefferson pensa “É, entendi porque ele gostou da história das vizinhas.”.

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